segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Capelas Interioranas do Município de Cotiporã

CAPELA NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES
LINHA 14 DE JULHO

A capela Nossa Senhora dos Navegantes está situada aos pés do Morro do Céu, também chamado de Morro dos Baianos.
Os imigrantes chegaram aos lotes rurais da Linha 14 de Julho no ano de 1982, mas temos data registrada somente no longínquo de 1907.
Desconhece-se a chegada dos “baianos”, pessoas de cor e de origem afro-brasileira que ocuparam o alto do Morro do Céu, estes que eram remanescentes da Guerra do Paraguai.
As primeiras famílias que estabeleceram foram: César Lazzarini, Francisco Celegari, Ermínio Fiorin, Fioravante Storti, Giuseppe Mozzo e outros.
Como as terras eram muito acidentadas, muitos morros, e declividade acentuada, inicialmente cultivaram agricultura de subsistência, cereais, legumes e a natureza era bastante pródiga: caça e principalmente peixes do rio das Antas.
Em 09 de junho 1927 o bispo D. João Becker concedeu licença ao Pe. Vigário de Monte Vêneto, na época, Pe. Davi Angeli, para construir um oratório (capela) em honra a Nossa Senhora dos Navegantes e cemitério, localizava-se às margens do Rio das Antas, lado norte.
Foi na década de 50, que as famílias iniciaram com o plantio de parreiras e ocorreu na estreita planície que circula topo do altiplano e o vale por onde serpenteavam as velozes águas do majestoso rio das Antas. As famílias descobriram que as parreiras se adaptavam muito bem com alta produtividade, bem como amadurecimento precoce em relação a outras regiões. Mais tarde, análises do solo resultaram em alto teor de potássio e fósforo em sua composição e aliados a um micro clima com mais calor e isento de geadas tardias tornaram a região de Cotiporã ideal para a produção vinífera, tanto de uvas europeias, americanas bem como híbridas e de mesa.
Em 1961, foi construída pequena escola de madeira, medindo 56 m2 e em 1962 a atual igreja. A escola de madeira recebe novo prédio de alvenaria no ano de 1985 tendo duas salas de aula, cozinha, secretaria, dois banheiros e área de serviço. No ano de 1987 foi a Escola Municipal que mais alunos educava, funcionando em dois turnos.
Igreja da Capela Nossa Senhora dos Navegantes
Salão da Capela Nossa Senhora dos Navegantes
Integrantes do grupo em frente à Igreja

CAPELA NOSSA SENHORA DE MONTE BÉRICO
LINHA 14 DE JULHO

Por volta de 1887, chegaram os imigrantes de Vicenza, Itália, estes se instalaram na Linha 14 de Julho às margens do Rio das Antas, trazendo a devoção e a lembrança de Nossa Senhora de Monte Bérico, foi trazida pelas famílias Zanin, Colussi, Beloni, Mesacazza, Perin, Pasquali e Pelizzari, como proteção.
Por volta de 1903, estas famílias construíram uma pequena igreja de madeira, que existe até hoje. Foi reformada e é bem conservada. O conjunto igreja/campanário é uma das mais belas construções arquitetônicas históricas dos imigrantes italianos.   
As festas da padroeira, bailes e encontros dos fins de semana eram realizados no pequeno salão de madeira. O terço comunitário e a catequese dos filhos eram feitos na igreja. Havia também os jogos de cartas, briscola, tressete, quatrilho e jogos de bocha. Somente no século XX o salão da comunidade foi ampliado.
No início a educação era precária, muitas vezes se reuniam os jovens numa casa de família e pagavam alguém que sabia ler e escrever para passarem o ensinamento aos seus filhos. Outros buscavam alfabetização no outro lado do rio, na Escola Colussi, Alcântara Baixa, Faria Lemos. Somente em 1961 que a comunidade de Monte Bérico conquista um centro educacional, a Escola Municipal Marcos Gaspar de Souza, prédio de madeira, esta que serviu a duas comunidades a de Monte Bérico e a de São Pedro até 1986. E em 1985, foi construído um moderno prédio de alvenaria, teve suas atividades encerradas em 10 de janeiro de 2001, após os alunos foram estudar na escola Morro do Céu e posteriormente na cidade de Cotiporã.
Apesar da topografia acidentada para as práticas agrícolas, as terras férteis compensam a alta produtividade de parreiras e frutas.
Atualmente a comunidade de Nossa Senhora de Monte Bérico desfruta de invejável visão das corredeiras e por ocasião das chuvas o movimento assustador das águas do Rio das Antas. O barulho e o apito do trem cargueiro com dezenas de vagões, durante o dia ou à noite, despertam a atenção dos moradores. Um improvisado belvedere, em frente ao cemitério comunitário, onde se enxerga a instalação do Complexo Energético 14 de Julho da CERAN.

Igreja da Capela Nossa Senhora de Monte Bérico
Salão da Capela Nossa Senhora de Monte Bérico
Integrantes do grupo em frente à Igreja

CAPELA SÃO PEDRO
LINHA 14 DE JULHO

A capela São Pedro está situada às margens do Rio das Antas, na Linha 14 de Julho, foi se formando quando os moradores mais distantes do lado leste da capela Nossa Senhora de Monte Bérico, decidem construir outra comunidade, uma igrejinha mais próxima das famílias.
Situada às margens do rio das Antas, Linha 14 de julho, a partir do lote rural n° 20, onde as águas do rio quase se encontram, visualizando geometricamente uma ferradura e indo até o lote 27 da mesma linha.
A igreja construída de madeira localizava-se onde hoje está à casa de Remo de Villa em lote rural e quem doou o terreno foi Vicenzo de Villa. Mais tarde transferiram o local desconhecendo-se o seu dono, com aproveitamento da madeira da primeira igrejinha, construindo a segunda igreja, medindo aproximadamente 30m² (6m x 5m) e situou-se próxima, onde está o atual, não muito longe da primeira, já construída de alvenaria, no ano de 1970. O salão, mais amplo, com churrasqueira e cozinha foi concluído na década de 90. Rente ao salão comunitário, os 10 sócios da comunidade de São Pedro mantém conservada cancha de Bocha.
Por muitos anos, no entanto, os sócios da nova capela, continuaram a pertencer ao cemitério comunitário de Monte Bérico e também ao cemitério comunitário da Capela N.S. dos Navegantes, no outro lado do rio, pertencente à Paróquia de Faria Lemos. Foi somente por volta de 1960 que foi construído o próprio cemitério, próximo à igreja, em frente à mesma, separada pela estrada que servia a comunidade.
Uma questão vital para alguns imigrantes era como encaminhar os filhos no mundo das letras, dos números, conhecimentos mínimos a fim de melhor relacionar-se socialmente. Os imigrantes possuíam este senso intelectual, pois muitos vinham alfabetizados e repetiam para os filhos; “Bisonha far-se furbi e studiare”. Como o trabalho no meio rural era muito, o pai de família escalava quem ia para escola e quem ficava para a jornada de trabalho. As meninas muitas vezes lhe eram negado este direito sagrado de aprender, diziam “Le tose non bisonha de estudio”.
O prédio escolar municipal foi alugado ou cedido a CERAN, tornando-se ao mesmo tempo este local privilegiado para apreciar a barragem e instalação do centro administrativo da CERAN, da construção da Hidrelétrica 14 de julho.
Cabe registrar, que até 1980, a travessia do Rio das Antas era feito através de balsa e o Passo de Cotiporã localizava-se no lote n°
 20 não onde hoje fomos construídas ponte/calha. A Comunidade de São Pedro, com a instalação da Hidrelétrica 14 de Julho, tem uma oportunidade para expandir-se.
As belezas naturais, vale da Ferradura, se bem que maculado pela barragem; Morro do Céu ou dos Baianos, aliado a alta produtividade da fruticultura: videiras, cítricos e outras culturas de clima temperado propiciam novos empreendimentos hoteleiros, agroindustriais e turísticos. Basta saber aproveitar as oportunidades, como os primeiros imigrantes ali o fizeram, sob condições bem mais adversas.
Igreja da Capela São Pedro
Salão da Capela São Pedro
Integrantes do grupo em frente à Igreja

CAPELA DE são CASEMIRO
LINHA 14 DE JULHO

A partir dos primeiros assentamentos, os poloneses ergueram modesta e pequena capela em homenagem a São Casemiro.
 É citado o ano de 1897, como o ano da fundação da capela de São Casemiro, logo também tiveram necessidade do cemitério, a escola comunitária viria mais tarde, primeira década de 1900 e a capelinha assemelhava-se a uma pequena casinha de tábuas, no seu interior sobressaía-se a figura de São Casemiro, emoldurada em um quadro.
         Vários fatores dificultavam a plena integração dos imigrantes poloneses estabelecidos em Cotiporã, o fator principal era o elo da comunicação, além do fator língua, os imigrantes poloneses enfrentaram também a topografia acidentada de suas terras, isto retardou um pouco seu desenvolvimento econômico nas primeiras décadas do século XX.
         A Capela centenária, ao longo dos anos foi se constituindo com referência dos polacos de Cotiporã. A terra de produção era de excelentes frutas cítricas, melões, mamões e também uma crescente produção de uva.
       Hoje a capela de São Casemiro é o marco da colonização polonesa no município de Cotiporã, destaca-se por preservar a cultura polonesa como a língua, com curso de polonês a todos que realmente buscam aculturar-se.    

Igreja da Capela São Casemiro
Salão da Capela de São Casemiro
Integrantes do grupo em frente à Igreja

CAPELA SÃO JUDAS TADEU
LINHA 14 DE JULHO

A capela São Judas Tadeu situa-se no extremo sul do município de Cotiporã entre os vales do Rio Carreiro e do Rio das Antas, no encontro das águas destes rios, iniciando assim a denominação do Rio Taquari.
Por volta de 1887-1890, se estabeleceram nas Linhas Marechal Floriano Peixoto, Álvaro Chaves e no início da Linha 14 de Julho as famílias de imigrantes italianos, poloneses, e algumas de origem luso-brasileira. Estas famílias desbravaram as matas e sobreviveram graças à agricultura de sobrevivência (trigo, milho, feijão, legumes), e também da caça e da pesca.
Até a década de 1940, a comunidade de São Judas Tadeu tinha vida social, religiosa, educacional e comercial ligada ao povoado de Santa Bárbara, situado no outro lado da barra dos rios, pertencia ao município de Guaporé, hoje São Valentim do Sul. A passagem sobre o Rio Carreiro era feita por barcos (caícos). A passagem fluvial sobre o Carreiro quase sempre era possível, pois quando o Taquari/Antas subia (enchente) represava as águas do Carreiro, tornando o rio manso. O contrário ocorria quando o Taquari/Antas baixava as águas, então o Carreiro tornava-se um rio de grande corredeira, como seu nome já diz, sendo quase impossível atravessá-lo.
A alfabetização de alguns filhos dos imigrantes foi feita do outro lado do rio, na escola de Santa Bárbara e na escola da Comunidade dos Colussi.   
Em 16 de junho de 1951, a comunidade de São Judas vê surgir a pequena escola de 20m², regularizada através do Decreto Municipal 12 de 28 de dezembro de 1977, com o nome de Escola Alfredo Lima, que localizava-se na entrada de acesso do porto público de São Judas.
Somente na década de 50 foi construída a primeira igrejinha, de alvenaria. Antes desta tinha apenas um pequeno capitel, onde o mesmo era dedicado a Nossa Senhora das Graças. O Senhor Isaias Viccari, cumprindo uma promessa, doou o terreno e comprou a imagem de São Judas.
A comunidade de São Judas Tadeu, pertence ao território de Cotiporã, mas continua desde que criada fazendo parte da Paróquia de Santa Bárbara.
Na década de 60, no Governo de Leonel Brizola, São Judas é contemplado com uma escola de madeira, conhecidas como “brisoletas”. Brizola, grande visionário, espalhou milhares dessas escolas por todo o Rio Grande do Sul.
Durante décadas a escola Alfredo Lima e a pequena Igreja serviram a comunidade. Em várias oportunidades o ano letivo contava com mais de trinta alunos. A escola atendia alunos de 1ª a 4ª séries. Quem desejasse concluir até a 8º série, deslocava-se ao centro maior, Santa Bárbara, e ou buscava oportunidades de estudo e trabalho em Bento Gonçalves.
Igreja da Capela São Judas Tadeu

Fonte: livro ainda não publicado, “Cotiporã e sua história”, de autoria do Professor Ambrósio Giacomini e Dalmo Scussel.

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